No litoral norte do estado do Rio de Janeiro, pertinho de Cabo Frio, tem o Arraial do Cabo, pequena cidade espremida entre morros, ilhas e um oceano frio e bem azulzinho. Um único caminho pra entrar e sair da cidade, ao longo de uma quase peninsula arenosa que liga o Arraial ao "continente".
Lá tem muita coisa, entre elas história e tradição. O relativo isolamento fez com que muitos traços culturais atravessassem as décadas. O arraial tem o seu jeito próprio de falar, de pescar e de navegar: ainda abriga algumas poucas dezenas de canoas-boçardas, um tipo de canoa feita de tronco único, bojuda, longa, impulsionada por 4 remadores que manejam remos à moda baleeira e olímpica, remando de costas pro destino, e timoneada por um quinto tripulante que vai na popa, governando. Os outros tripulantes pescam.
Como toda arte, tem seus mestres, e mestre Chonca é um dos homem da canoa do Arraial. Como toda arte tradicional, sofre para sobreviver neste mundo globalizado, e como em muitos casos, tem também os seus guerreiros. Junto com mestre Chonca tem mais gente batalhando para dar às canoas o seu devido valor. Em uma curta visita, pude conhecer Tatiana, Regina , Paulo e Vitor, que já há algum tempo batalham por lá.
Ficaram felizes em saber que em outras paragens também tem gente batalhando pelo mesmo, mas diferente. Ficaram curiosos de conhecer e reconhecer outros potenciais e ações.
Das conversas, a conclusão de que sim, em todo lugar tem ações e potenciais, e em muita beira d'água tem nó a se juntar na costura. Os projetos locais se beneficiariam e se agilizariam se travam contato com os universos que estão perto mas não são conhecidos. Ainda.
Ganha força a ideia de promover intercambios entre estes nós, de catalisar os projetos que já tem, de juntar gente e botar fogo para levantar as labaredas das novas ideias...
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